segunda-feira, 19 de outubro de 2009


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Os dias sucederam-se com a uniformidade mutável das ondas do mar. Juntamente com os altos chefes da Loja, Pablo Símon trabalhou na sua revitalização e na função social educativa dela na povoação, aspectos estes descuidados desde o falecimento do irmão Onze.
Os meses, dando as mãos, dançaram a ronda dos anos. A Pablo Símon chegariam as referências e as cartas do seu instrutor, Giordano Bruno. Aquele que nasceu no reino de Nápoles, no ano de 1548, era considerado, quarenta e dois anos mais tarde, o sábio mais extraordinário da Europa. Cidadão do mundo, percorria todos os países, derramando a sua ciência e o seu ecletismo religioso; Paris, Londres, Wittemberg e Praga concederam-lhe aulas nas suas Universidades e encheram-no de honras. Os seus livros 'Da causa' e 'Do infinito', apesar da perseguição eclesiática e dos catedráticos da época, ressuscitaram o pensamento platônico, a ciência de Pitágoras e de Ammonio Saccas, a religião universal dos Mistérios.
As lojas esotéricas, as bibliotecas laicas, os centro científicos e os observatórios astronômicos floresciam à sua passagem como fazem os campos ante o beijo do sol e da água. A antiga Escola de Alexandria achava continuidade, após mil anos de silêncio, entre os seus mais estudiosos discípulos. O grande Galileu, perseguido pela Inquisição e obrigado a desmentir-se publicamente, encontrou em Giordano um paladino formidável; os seus numeroso tratados contrários á teoria geocêntrica de Copérnico, apoiando o sistema heliocêntrico, tiveram uma enorme repercussão em todos os círculos, e muitos dos que o perseguiam em público deleitavam-se em privado com os seus livros.
Por fim, em 1592, Giordano Bruno, perseguido de perto, sempre a fugir, insistiu mais do que nunca que as estrelas não são ''lampadazinhas postas por Deus para distração dos homens'',mas sóis, centros de sistemas solares semelhantes ao que nos abriga. Proclamou, além disso, que todos os mundos do Universo podem estar habitados, e que em alguns dos planetas do sistema solar existem seres parecidos com os homens, de similar inteligência.''

O Alquimista - Jorge Angel Livraga



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